Insanidade, sedução e poder: “A Pele que Habito”

por Dulcineia Vitor

Me diz se não é para ter um chilique? Depois de muito olhar a programação dos cinemas, escolhemos ver (meu marido e eu)  A Pele que Habito. Há algum tempo tínhamos visto o trailer, e pensado em não perder a obra de Pedro Almodóvar.

E chegando no cinema, já numa expectativa sem tamanho “o que o louco Almodóvar tem pra nós?”, tomamos um banho… Algo muito maior ainda estava por vir. Um show de loucura inteligente.

Um homem que só precisava de uma desculpa para se utilizar de sua inteligência e criar… Cria, então, uma pele que podia há 12 anos ter salvado a vida de sua esposa, acidentada em um carro que se incendiou. Ele tinha o que era necessário para entregar-se a insanidade total: uma casa longe de qualquer suspeita, uma fiel empregada que o criou desde que nasceu e cúmplices competentes.

A Pele que Habito serviria para muitas discussões, mas que me fariam escrever mais do que deveria e estragar todo ineditismo da obra, e quando me refiro a ineditismo, não me refiro a apenas ser um filme que está nos cinemas, me refiro a surpresas.

Porém, sobre uma coisa posso discutir. Sobre amor-próprio. A pele que habitamos deve ser amada, cuidada e protegida! O nosso amor por ninguém pode ultrapassar nosso amor-próprio; e isso não será egoísmo. Nossas escolhas tem sim a ver com ética, algo que ouvi pessoas sábias falando, mas nunca entendi tão bem quanto agora. O abismo entre amar e ter posse deve ser relevado a cada perda de sentido, a vida é nosso bem maior.